
O Grande Prêmio de Abu Dhabi, tradicional palco de encerramentos da temporada da Fórmula 1, transcendeu este ano sua função habitual de mero evento final para se inscrever como um dos capítulos mais emocionantes e significativos da história recente da categoria. Sob o crepúsculo dourado de Yas Marina, Lando Norris, da McLaren, cruzou a linha apenas na terceira colocação, mas ele se tornava ali o novo e inegável Campeão Mundial de Fórmula 1, conquistando o título pela primeira vez em sua promissora carreira por apenas dois pontinhos de diferença para o vencedor do dia Max Verstappen.
A consagração de Norris em Abu Dhabi veio coroar uma temporada de montanha-russa, cuja narrativa se tornou intensamente dramática nas últimas etapas. Depois de um início de ano absolutamente grandioso, onde a McLaren se estabeleceu como a força dominante, pilotada com maestria por Norris e seu talentoso colega de equipe, Oscar Piastri, a vantagem que parecia inatingível começou a ser paulatinamente erodida. A equipe de Woking demonstrou uma capacidade ímpar de desenvolvimento, tirando proveito das mudanças regulamentares e da sinergia entre seus pilotos para monopolizar pódios e vitórias. Contudo, como é de praxe no esporte a motor de elite, a concorrência reagiu com vigor. As rivais aprimoraram seus monopostos, e a disputa, que parecia definida, ganhou contornos de incerteza e alta pressão. As últimas corridas transformaram o campeonato em um verdadeiro duelo de nervos e estratégias, onde cada ponto era disputado com a fúria e a precisão de um xeque-mate. O drama de uma potencial perda de título após uma liderança tão robusta adicionou uma camada de tensão palpável a cada fim de semana de corrida, elevando o espetáculo a níveis inesquecíveis.
Para a McLaren, essa conquista tem um peso que vai além da glória individual do piloto. A equipe, uma das mais tradicionais e vitoriosas da história da Fórmula 1, não celebrava um título de pilotos desde 2008, com Lewis Hamilton. Dezesseis anos é um lapso considerável para um time com o pedigree de Woking, um período marcado por altos e baixos, reestruturações e uma busca incessante pelo retorno ao topo. O campeonato de Norris não é apenas um troféu; é a reafirmação do lugar da McLaren entre as grandes, o coroamento de um projeto de reconstrução meticuloso e a validação de uma filosofia de investimento em jovens talentos. Representa, acima de tudo, a redenção de uma lenda do esporte a motor e o restabelecimento da ordem hierárquica na memória dos seus fãs e na história da categoria.
Com o brilho da vitória ainda fresco, o olhar do paddock e dos entusiastas já se volta para 2026. A próxima temporada será um divisor de águas, marcada pela introdução de um novo e revolucionário conjunto de regulamentos técnicos, com foco na sustentabilidade e em unidades de potência substancialmente diferentes. Historicamente, tais mudanças embaralham o grid de maneira dramática, abrindo espaço para novas potências e desafiando a engenharia e a capacidade de adaptação das equipes estabelecidas. A McLaren, com o ímpeto do título e uma dupla de pilotos de exceção, entrará na nova era com a moral elevada e a confiança em alta. O desafio será manter o momentum e decifrar as novas regras mais rapidamente que a concorrência. Os fãs podem esperar uma temporada ainda mais acirrada, com a esperança de que 2026 nos reserve um novo ciclo de disputas intensas, talvez com Norris defendendo seu cetro contra um grid faminto por glória, e a McLaren consolidando sua posição no firmamento da Fórmula 1.

Chegamos finalmente no tão aguardado dia cinco de novembro de 2025 que carrega consigo a aura de expectativa que antecede todo grande evento do futebol mundial: o Sorteio para a Copa do Mundo FIFA 2026. Contudo, desta vez, a tradicional cerimônia que define os caminhos e embates entre nações assume um contorno de inédita magnitude e, inegavelmente, de controvérsia.
A próxima edição do torneio não será apenas a primeira a ser sediada por três países — Canadá, Estados Unidos e México —, um feito geográfico e logístico sem precedentes; ela será marcada, sobretudo, pelo aumento expressivo no número de seleções participantes, saltando das 32 habituais para 48.
Esta mudança arquitetônica no formato da Copa do Mundo, a maior desde 1998, convida a uma análise crítica e ponderada. O discurso oficial da FIFA, naturalmente, versa sobre a globalização do futebol e a ampliação de oportunidades para mais nações experimentarem o palco máximo. É um argumento sedutor, que ecoa o desejo universal de inclusão e representatividade. No entanto, é imperativo questionar se essa expansão é intrinsecamente benéfica para o espetáculo e para a qualidade técnica da competição.
Com 48 equipes distribuídas em 12 grupos de quatro, o torneio passará a contar com um número vertiginoso de 104 jogos — quase o dobro dos 64 confrontos do modelo anterior. O campeão, agora, terá de disputar oito partidas, uma a mais do que o exigido historicamente. A maratona de jogos, a dilatação do calendário e a inevitável introdução de seleções de um patamar técnico inferior nas fases iniciais levantam a suspeita de uma potencial diluição da excelência. O charme da fase de grupos sempre residiu, em parte, na alta concentração de talento e na escassez de espaço para o erro; a nova estrutura arrisca transformar essa etapa num preâmbulo excessivamente longo antes que os verdadeiros titãs se enfrentem.
É aqui que a ótica financeira entra em cena, inevitavelmente. Um aumento de 33% no número de participantes resulta em um acréscimo substancial nos direitos de transmissão, na venda de ingressos, nas receitas de patrocínio e em todo o ecossistema comercial que orbita o evento. É, para usar um termo do mercado, uma inflação do produto. Diante de tal dimensão econômica, o questionamento torna-se agudo e quase obrigatório: estaria a FIFA priorizando a expansão da receita sobre a integridade esportiva e a qualidade intrínseca do torneio?
A Copa do Mundo é, por definição, o ápice da competição futebolística. A dificuldade em se classificar e o rigor da disputa sempre foram elementos cruciais para a mística que a cerca. A facilitação do acesso, por mais democrática que soe, ameaça atenuar o caráter exclusivo e de elite que historicamente definiu a competição.
Enquanto aguardamos que as bolinhas revelem o destino das 48 seleções, a comunidade do futebol se divide entre o otimismo pela novidade e a cautela ante a descaracterização. Se, por um lado, mais países terão a chance de viver o sonho, por outro, paira a sombra de um torneio que, ao buscar ser maior em dimensão, corre o risco de ser menor em emoção, técnica e significado, consolidando-se mais como uma gigantesca operação comercial do que como a competição de excelência que o mundo aprendeu a amar. O futuro, a ser revelado nos gramados de três nações em 2026, dirá se a busca pela expansão numérica foi um gol de placa ou um chute para fora.

A comunidade do basquete e do esporte em geral lamenta a perda de Elden Campbell, falecido em 2 de dezembro de 2025, aos 57 anos. Nascido em Los Angeles, Califórnia, em 23 de julho de 1968, Campbell deixou sua marca ao longo de seus 15 anos na National Basketball Association (NBA), consolidando-se como um pivô ou ala-pivô de presença notável e talento inegável.
Sua trajetória na liga profissional começou com o Los Angeles Lakers, time que o selecionou na primeira rodada, como a 27ª escolha geral do Draft da NBA de 1990. Foi nos Lakers que ele passou seus primeiros nove anos de carreira, tornando-se, inclusive, o cestinha da franquia na década de 1990 e ocupando o terceiro lugar na história do time em tocos (bloqueios). Conhecido por seu estilo aparentemente "fácil", que lhe rendeu os apelidos de "Easy" e "Big E", Campbell era particularmente reconhecido por sua habilidade em bloquear arremessos, acumulando um total impressionante de 1.602 tocos na carreira, o que o coloca entre os 35 melhores bloqueadores de todos os tempos na NBA.
Ao longo de sua jornada, Elden Campbell vestiu as camisas de diversas equipes além dos Lakers, incluindo o Charlotte Hornets (onde foi negociado em 1999, perdendo a chance de participar dos campeonatos dos Lakers com O'Neal e Bryant no início dos anos 2000), o New Orleans Hornets, o Seattle SuperSonics, o New Jersey Nets e, notavelmente, o Detroit Pistons. Foi com os Detroit Pistons que ele alcançou o ápice de sua carreira, conquistando o título de Campeão da Temporada da NBA em 2003-04. Esse título representa o maior prêmio coletivo que ele obteve na liga. Antes disso, em sua passagem universitária por Clemson, ele já havia demonstrado seu potencial, sendo eleito First-team All-ACC em 1990 e Second-team All-ACC em 1989.
Para o basquete, Elden Campbell representou a solidez e a consistência de um jogador que podia dominar o garrafão com técnica e inteligência. Sua capacidade de pontuar, rebotear e, especialmente, proteger o aro, fez dele um componente valioso em todas as equipes que defendeu. Seu total de pontos na carreira atingiu a marca de 10.805, complementados por 6.116 rebotes. Para o esporte, ele personificou a dedicação de um atleta de elite que, embora não estivesse sempre sob os holofotes das grandes estrelas, era essencial para o sucesso e o equilíbrio de um time. A morte de Campbell, cuja causa não foi divulgada, traz à tona a memória de um jogador fundamental da era pós-Magic Johnson dos Lakers e um campeão da NBA, cujo legado permanecerá vivo nas estatísticas e na lembrança de fãs e ex-companheiros.